Resolvi recontar minha história. Sintetizá-la numa só publicação. Sei que ela está contada em várias postagens deste blog, mas resolvi contar de novo, de uma só vez.
O Grupo de apoio à Perda gestacional Do Luto à Luta, me encorajou a fazer isto.
Espero que sirva de incentivo a outras mães, esperança para ir adiante e consolo nos dias difíceis.
Sempre quis ser mãe. Não me imaginava não sendo
Meus filhos tinham nomes. O primeiro, Samuel. Eu escolhi este nome, quando, por volta de uns 7 ou 8 anos, na escola, participei da semana da bíblia e conheci a história de Ana e seu filho o Profeta Samuel.
A fé de Ana, me fez crer que, um dia, eu também seria mãe de um Samuel.
Os anos se passaram e eu conheci o Flávio, meu marido. Namoramos por 3 anos e meio e casamos em Março de 2011.
Fiz um checkup geral, para saber se tinha condições de engravidar, e o resultado foi satisfatório. O Flávio também fez. Tudo nos conformes. Mas, a coisa não foi assim tão fácil. Apesar de não termos problemas de saúde, minha ansiedade era tão grande, que eu não conseguia engravidar. Fazia ultrassom para rastrear ovulação e nada.
Até que em fevereiro de 2012, quase um ano depois de casada, engravidei pela primeira vez. O problema é que, o que deveria ser alegria, me tirou os pés do chão, pois descobri a gravidez, justamente quando estava abortando. Estava de 6 semanas.
Foi ai que tive contato com minha primeira perda gestacional e com a crueldade das pessoas que negligenciam este tipo de perda.
- ainda bem que tava no comecinho. Pior é perder mais tarde.
Ou então,
- ele nem era nada ainda. Era só um embrião.
Chorei.
Sim. Fiquei triste. Eu queria aquele filho. Então tentei superar e ir adiante.
Passados 4 meses desta perda, em Junho daquele ano, uma alegria: eu estava grávida novamente.
Desta vez tudo ia bem, fiz meus exames de pré Natal, visualizamos o saco gestacional e o embriãozinho lá. Ainda muito pequeno, frágil. Pensei no quanto Deus era maravilhoso em me mandar aquele presente. Minha vida não poderia ser mais perfeita. Eu passava em frente à lojas de bebês e tinha vontade de comprar tudo, só pra ver minha casa permeada daquela atmosfera materna.
Mas, minha alegria foi interrompida naquele dia: 18 de agosto de 2012.
Descobrimos na ultrassom que o bebê, que tinha 13 semanas, cronologicamente, na verdade havia se desenvolvido até as 8/9 semanas. Não havia mais batimentos fetais.
Essa era a minha segunda despedida. Mais dolorosa que a primeira. Não por termos passado mais tempo juntos, mas porque parece que cada vez que tentamos algo e não somos bem sucedidos, perdemos um pouco da nossa alegria, junto com a esperança. Aborto retido.
Fui encaminhada ao bloco cirúrgico para fazer uma curetagem. Eu estava sentindo muitas dores. E tive que esperar várias horas, para completar o período necessário em jejum, para ser submetida a uma anestesia.
Tomei uma raqui.
A anestesista ficava conversando comigo, acredito que para ver meu nível de consciência, num determinado momento, veio o diálogo:
- você ta sentido medo?
- não.
- dor?
- não.
- porque você tá chorando?
(Quanto mais eu chorava, mais minha pressão subia, daí a preocupação dela)
- eu estou triste. Normalmente se entra aqui para ganhar bebê. Eu entrei para me despedir do meu.
- olha, vou te dizer uma coisa; já trabalho aqui há algum tempo e já vi esta cena mil vezes. Você vai engravidar novamente. E eu vou lhe anestesiar outra vez. Mas, da próxima vez, não vai ser para uma curetagem. Vai ser o seu parto. Tenha fé. Você vai ser mãe.
- as lágrimas continuaram jorrando. E aquelas palavras, de alguma forma, me consolaram.
Meu sonho parecia ficar cada vez mais distante. Por que pessoas que não queriam ser mães engravidavam, outras faziam abortos. Crianças jogadas na lata do lixo. Crianças violentadas, maltratadas... Meu coração doía ainda mais de tanto pensar nelas.
Uma mistura de sentimentos: ódio, revolta, tristeza. Tinha horas que tinha raiva de Deus. Porque Ele permitia que aquilo acontecesse na minha vida. Eu nunca entendi.
E, fora isso, mais uma vez à falta de caridade me esperava nos comentários cruéis das pessoas próximas.
- você ainda é jovem, pode ter quantos filhos quiser.
- pior é a fulana, ela teve 6 abortos.
- lembra da beltrana? Ela perdeu o bebê no parto e perdeu também a trompa.
- vc tem sorte pois pode engravidar quando quer. Pior é a minha cunhada que ja fez 3 inseminações. Gastou o que tem e o que não tem.
Tudo isso parecia me dizer que eu não sabia o que era o sofrimento. Que eu sofria menos que as outras pessoas. Ou ainda que para ser mãe, era necessário sofrer de verdade.
Menosprezam nosso sentimento. Desclassificam a nossa dor. É como se tivéssemos perdido um par de sapatos, ou qualquer objeto que pudesse ser imediatamente substituído, sem que o primeiro fizesse a menor falta. Isso me incomodava ainda mais.
Eu via o tempo passando e minhas chances perdidas. Duas gestações, nenhum bebê. Muita dor e menos esperança de realizar aquele que era meu grande sonho.
Mas eu sou forte. Sim. Eu sou e resolvi tentar mais uma vez.
Dia 02 de Dezembro de 2012, eu senti algo diferente: calor. Um calor absurdo. O calor de Dezembro. Estava na manicure quando ouvi uma conversa de uma desconhecida, contando como havia descoberto que estava gravida. Ela falou a palavra calor.
Faltava um dia para a minha menstruação (não) chegar. Mesmo assim, corri na farmácia E comprei um teste. A coisa la acendeu bem fraquinha, acredito que pela falta de concentração de hcg na urina, bem, não importava, eu estava de fato grávida!
Dessa vez eu não queria contar para ninguém. Só depois da morfológica se tivesse tudo bem.
Eu lembro do Natal daquele ano. O quanto chorei de felicidade, durante a festinha de Natal do trabalho, ao som de "Anunciação" do Alceu Valença.
"...tu vens chegando pra brincar no meu quintal."
Era o que eu pensava. O tempo todo.
Meus planos de esconder a gravidez até os 4 meses fracassaram, mas porque a barriga ficou saliente bem antes disso.
Acabei.contando primeiro para a família, depois para o pessoal do trabalho e depois aos amigos mais próximos.
Dessa vez ouvi mais pérolas :
- tá vendo, não disse que ia chegar a sua vez?
- Deus é bom. Ele viu que você merece.
Sabe, se fosse por merecimento, o Alexandre nardoni seria estéril.
Eu tentava abstrair, senão iria enlouquecer.
Em 25 de Março de 2013, com 5 meses de gestação, veio a confirmação: era ele. Meu Samuel.
Meu menino tão desejado. Tão sonhado.
Ele estava bem e eu também.
Eu era acompanhada por nutricionista, cardiologista, ginecologista, endocrinologista e tudo não poderia estar melhor.
O problema é que, ao que me parece, quando tudo vai bem, sempre acontece algo ruim. As vezes penso ser para testar a minha fé. Faço aqui um parêntesepara comentar sobe a minha mãe.
Neste intervalo de tempo em que estive concentrada na minha gestação, minha mãe sofria com uma doença que demorou muito para ser diagnosticada. Trata-se da esclerose lateral amiotrofica Ou ainda E. L.A., a doença do balde de gelo. Para quem não sabe, trata-se de uma doença incurável e degenerativa do neurônio motor. A pessoa perde os movimentos do corpo e passa a não conseguir mais realizar as atividades mais simples do dia a dia como: deglutir, respirar, andar, se limpar. Apesar Dessa falência geral, a consciência e a cognição permanecem inalteradas (recomendo que assistam o filme 'A teoria de tudo', para saber mais sobre isso)
Resolvi cuidar da minha mãe doente. A acolhi em.minha casa e cuidava dela todos os dias.
À medida em que minha gravidez avançava, ficava difícil continuar mantendo os cuidados com ela. Contratamos cuidadoras e elas faziam a maior parte do serviço.
No final da gravidez, muito cansaço. Eu só pensava no parto.
Apesar disso curti cada semana. Fiz ensaio de gestante, comprava blusas temáticas, decorei o quarto, fiz o enxoval do jeito que eu queria. Tudo era muito vivido. Escrevia em diários, e contava a história dele para que ele mesmo um dia pudesse saber.
Nem mesmo os frequentes enjoos ou os exames desagradáveis me faziam deixar de curtir cada momento.
Eu cantava e dançava pra ele. Embalados nas músicas que um dia ouviriamos juntos aqui fora.
Dia 06 de Julho de 2013, foi meu aniversário. Minhas sobrinhas sempre me presenteiam com lindos desenhos.Neste dia a Mariana me deu um desenho contendo um jogo de futebol com várias crianças e apenas uma delas usava asas, ao invés de uniforme.
Quando eu perguntei pq aquele menininho tinha asas. Elas disee: é o Samuel. Ele tem asas.
Eu me senti mal na época. Não gostei, mas guardei o desenho.
19 dias depois, ele partiu.
Ele tinha asas.
Era uma quarta-feira, dia 25 de Julho de 2013. Eu verifiquei que durante toda a tarde o Samuel não se mexia. Ele que era tão levado. Mexia demais. E sempre forte, parecia paralisado.
Quando o Flávio chegou do trabalho, pedi que me levasse a uma urgência para fazer uma ultrassom E ouvir o coração do bebê.
A única coisa que eu ouvi, foi o silêncio daquela sala. E o meu próprio choro.
A imagem parada na tela, a ausência de batimentos me deu a certeza que eu jamais queria ter.
Samuel havia ido pro céu.
E eu não consigo dizer isso sem derramar muitas lágrimas.
Meu filho me deixou.
Minha médica foi contactada e logo chegou ao hospital.
Parecia muito abatida. Ela me perguntou se eu preferia induzir o parto normal ou se queria uma cesariana.
Perguntou ainda se eu queria ver o Samuel.
O parto foi cesárea, porque o Samuel além de grande e gordinho, estava sentado e encaixado. Dificilmente teríamos sucesso com o parto normal. Na hora eu não quis vê-lo. Sei lá porque eu tinha medo dele. Dele ter sinais de sofrimentos. Eu não suportaria.
Mas, quando ele foi retirado, o Flávio disse: você ia adorar o que ia ver. Ele é lindo e perfeito. Parece um anjo dormindo.
Vi Meu filho sobre uma bancada, a cerca de uns 2 metros de mim.
Eu estava de fato sentindo a maior dor da minha vida.
Após o parto, fui para o quarto, a equipe médica teve o cuidado de me internar num andar que não era o da maternidade. Para evitar que eu ouvisse choro de outras crianças e visse os enfeites nas portas.
O Flávio foi cuidar do enterro
Aí Eu faço um comentário especial. Muito se fala na dor das mães. Mas pouco se fala na dor dos pais. Ela também existe e é tão grande quanto a nossa.
Eu não Sei se suportaria enterrar meu filho. Vê-lo num caixão escolher as flores... não. Eu não suportaria.
Enquanto nosso filho filho sepultado, as pessoas matavam ele novamente com seus comentários:
- foi melhor ele ir agora do que mais tarde você derruba-lo no chão e ele.morrer por sua causa
- quem sabe se ele não seria viciado em drogas e lhe daria o maior trabalhão depois.
- faz outro, besta. O bom é fazer.
- você vai ter outros filhos e irá esquecer tudo isso.
O fato é que tudo isso nos entristecia ainda mais.
Procuramos psicólogos, médicos psiquiatras, padres. Fomos diversas vezes à igreja e pouca, mas muito pouca gente mesmo sabia o que dizer.
Se por um lado não sofri violência obstétrica, por outro sofri a violência emocional, verbal, familiar. Apesar da morte ser algo certo na vida de todas as pessoas, quase ninguém sabe lidar com ela. O que fazer e o que dizer.
A violência ora velada, ora escancarada que nos fazia sepultar nosso filho novamente.
E assim se passou nosso primeiro ano sem ele.
Um ano depois, eu me senti pronta para tentar outra vez. Não fiz planos. Engravidei na primeira tentativa.
Tão logo eu soube o medo de perder este novo bebê tomou conta.
Não curti gravidez como gostaria. Não quis contratar fotógrafos (fiz eu mesma umas poucas fotos em casa), não tive chá de fraldas. Nada que me fizesse fiar grandes expectativas, tamanho o medo de uma nova decepção.
Minha quarta gestação era de uma menina, Sarah.
Foi muito tensa também por todo o contexto envolvido.
Aos 7 meses de gravidez, sofri uma queda com Q maiúsculo. Daquelas que deixam a gente toda estropiada. Eu só conseguia pensar na minha filha. Um exame de ultrassom me mostrou que, apesar de eu estar muito ferida, Sarah estava bem.
Fui afastada do trabalho e tão logo me recuperei da queda, um outro susto: a minha mãezinha foi levada pro céu. Conheceu o neto por quem tanto ela chorou.
Foi tanta tristeza.
Minha pressão subiu e 3 semanas depois, a Sarah veio ao mundo.
Sarah me chegou por uma cesariana de urgência, no dia 1 de abril de 2015, dia em que completava 35 semanas.
Com 2,655kg e 47cm e muita saúde. Minha menina trouxe a alegria que a minha casa precisava ter. Ela chegou em casa, 4 dias depois, como diz a música Anunciação "...que tu virias numa manhã de domingo..." e
Trouxe brinquedos espalhados no chão, roupinhas miúdas no varal, novas músicas, serões de madrugada, e muito amor.
Nunca saberemos os motivos pelos quais Deus não nos permitiu criar nosso Samuel, mas temos uma certeza: seu amor se faz presente. Eu tinha medo de não amar outro filho, como eu amava o meu Samuel. Mas, amor de mãe, não se divide entre os filhos. Ele se multiplica. Amor de mãe é divino.
Peço as mamães que viveram isso que procurem grupos de apoio: Do Luto à Luta, Mães de Anjo ou Mães sem nome. Certamente serão bem acolhidas.
PS: eu ainda continuo a ouvir frases terríveis. Mas faz parte das dores que carrego, da pedra no meu sapato. A gente empurra um pouquinho pra lá e segue caminhando. Deus segura a nossa mão.
" Aviso que vou acabar Chorando"
“Aviso que vou acabar chorando”
A blogueira Estéfi Machado traz um relato emocionante sobre como enfrentou a morte prematura de seus filhos gêmeos e faz um lembrete: falar sobre o assunto é muito importante.
No dia seguinte da morte de seus gêmeos, a blogueira Estéfi Machado escreveu uma carta para os amigos dizendo que precisava chorar e falar sobre o que havia acontecido. Dois anos depois ela relembra aqui sua história e faz um apelo: “Se estiverem com alguém com uma história difícil pra contar, por favor, não desvie o olhar e não sugira falar sobre ‘coisas mais alegres’”.
Em depoimento a Sandra Soares
Tenho um filho de 8 anos.
Desde que ele tem 2 anos eu tento engravidar novamente.
Sou a terceira de 5 irmãos, e sempre considerei irmão um item indispensável na vida do ser humano.
Depois de muitas tentativas, engravidei quando meu filho tinha 4 anos.
Com 8 semanas de gravidez descobri que o coração do bebê nunca tinha batido, e tive então um aborto retido.
Desde que ele tem 2 anos eu tento engravidar novamente.
Sou a terceira de 5 irmãos, e sempre considerei irmão um item indispensável na vida do ser humano.
Depois de muitas tentativas, engravidei quando meu filho tinha 4 anos.
Com 8 semanas de gravidez descobri que o coração do bebê nunca tinha batido, e tive então um aborto retido.
Depois de muito choro e bola pra frente, comecei a tentar de novo, logo em seguida da primeira perda. Fiquei 2 anos tentando, até que resolvi fazer uma inseminação artificial. Um processo simples: estimulei a ovulação, monitorei e num certo momento tinha lá dois óvulos promissores um mais “fraquinho”. As chances eram pequenas, mas qual não foi minha surpresa, depois de ter recebido o positivo e comemorado muito… Vimos no primeiro ultrassom que eram… 3 corações batendo!
Um misto de alegria, euforia e pânico, meu marido quase desmaiou na salinha escura, mas o clima era de gol de copa do mundo!
Um misto de alegria, euforia e pânico, meu marido quase desmaiou na salinha escura, mas o clima era de gol de copa do mundo!
As semanas foram passando, e ultrassom após ultrassom, num certo momento descobrimos que um dos embriões não estava mais se desenvolvendo, fato aparentemente normal em gravidez múltipla, o embrião não vai pra frente e acaba sendo absorvido pelo corpo.
O tempo foi passando e, devo dizer, a gravidez de gêmeos é bem puxada…
É de verdade tudo em dobro.. enjoos, pressão na barriga, pequenos incômodos são duplicados quando se espera dois bebês.
O tempo foi passando e, devo dizer, a gravidez de gêmeos é bem puxada…
É de verdade tudo em dobro.. enjoos, pressão na barriga, pequenos incômodos são duplicados quando se espera dois bebês.
Estava com 21 semanas, já entrando no sexto mês de gravidez, todos grandes e perfeitamente saudáveis, quando tive um pequeno sangramento, outra coisa “normal” nesse tipo de gravidez, já que todo espaço é muito disputado ali dentro.
Só que esse sangramento aumentou e formou um pequeno coágulo no meu útero, que começou a dar pistas falsas pro meu corpo que entrou em franco trabalho de parto para expulsar o coágulo.
Fiquei internada mais de 10 dias tentando de tudo para conter as contrações, sem sair da cama nem pra fazer cocô, mas a natureza veio maior que tudo…
No dia 2 de Fevereiro, dia de Iemanjá, pari de parto normal meus dois bebês, meus dois filhos, que eu sabia que não iriam sobreviver.
Só que esse sangramento aumentou e formou um pequeno coágulo no meu útero, que começou a dar pistas falsas pro meu corpo que entrou em franco trabalho de parto para expulsar o coágulo.
Fiquei internada mais de 10 dias tentando de tudo para conter as contrações, sem sair da cama nem pra fazer cocô, mas a natureza veio maior que tudo…
No dia 2 de Fevereiro, dia de Iemanjá, pari de parto normal meus dois bebês, meus dois filhos, que eu sabia que não iriam sobreviver.
Breno e Cecília já tinham nome, bercinhos, roupinhas e casa nova, e não vieram.
Ainda no hospital tive que tomar um remédio para secar o leite, já que meu corpo não sabia que eu não teria ninguém para amamentar.
Passei dias com os seios enfaixados com gaze, apertados como pé de gueixa, para eles não terem vontade própria e jorrarem leite pra ninguém…
Meu marido estava há 16 horas de voo, e tudo foi muito difícil.
Os bebês quase precisaram de enterro e caixão, mas devido ao peso não entraram na obrigatoriedade desses trâmites.
Perdi muito sangue, fui sedada logo após a expulsão, então não tive um ritual de despedida, não por negligência de ninguém, apenas pela fragilidade do momento…
Ir pra casa sem meus filhos, ter que dar todo amor e consolo pra mim, pro meu marido e pro meu filho que me esperava assustado não foi fácil.
Meu marido estava há 16 horas de voo, e tudo foi muito difícil.
Os bebês quase precisaram de enterro e caixão, mas devido ao peso não entraram na obrigatoriedade desses trâmites.
Perdi muito sangue, fui sedada logo após a expulsão, então não tive um ritual de despedida, não por negligência de ninguém, apenas pela fragilidade do momento…
Ir pra casa sem meus filhos, ter que dar todo amor e consolo pra mim, pro meu marido e pro meu filho que me esperava assustado não foi fácil.
Sei que cada um tem seus próprios mecanismos para lutar suas batalhas, mas eu preferi falar.
No dia seguinte ao parto escrevi uma carta para meus amigos e família (veja abaixo), e me ajudou muito contar como tudo tinha sido e receber o carinho de todos de volta.
Chorei muito, por muito tempo e, acreditem, ainda tenho muita lágrima pra chorar.
No dia seguinte ao parto escrevi uma carta para meus amigos e família (veja abaixo), e me ajudou muito contar como tudo tinha sido e receber o carinho de todos de volta.
Chorei muito, por muito tempo e, acreditem, ainda tenho muita lágrima pra chorar.
Mas o que eu quero contar aqui, dentre tantas coisas valiosas que eu aprendi, é que quando a boca fala, o corpo sara MESMO.
Então, se estiverem com alguém com uma história difícil pra contar e a pessoa começar a falar, por favor, não desvie o olhar e não sugira falar sobre “coisas mais alegres”.
Se estamos falando sobre isso é porque realmente precisamos, e acredite, de alguma maneira você foi especialmente escolhido pra ajudar nesse processo.
Então, se estiverem com alguém com uma história difícil pra contar e a pessoa começar a falar, por favor, não desvie o olhar e não sugira falar sobre “coisas mais alegres”.
Se estamos falando sobre isso é porque realmente precisamos, e acredite, de alguma maneira você foi especialmente escolhido pra ajudar nesse processo.
Vamos falar sobre o luto sim.
O coração e alma agradecem.
O coração e alma agradecem.
Em meio a um turbilhão de emoções e sentimentos, Estéfi decidiu escrever uma carta a seus amigos. Veja abaixo:
03 de fevereiro de 2013.
Amigos queridos…
Recebi tantos recadinhos carinhosos de apoio nesses últimos dias que resolvi agradecer por aqui e contar um pouco do que aconteceu…
Acho que também me ajuda a por pra fora e a cobrir um pouco esse rombo que tenho na alma…
Como muitos de vcs sabem, eu estava grávida de gêmeos, de 5 meses já…
Já tinham nomes, personalidades, roupinhas, planos e mil sonhos…
Semana passada tive um sangramento e fui internada no São Luiz para fazer um repouso absoluto e tentar conter um mini início de trabalho de parto.
Mas o que antes foi um susto, com os dias se transformou em um franco trabalho de parto.
Fizemos de tudo, todos os recursos, todas as drogas, manobras, exames… Mas a força da enxurrada da natureza foi maior…
Semana passada tive um sangramento e fui internada no São Luiz para fazer um repouso absoluto e tentar conter um mini início de trabalho de parto.
Mas o que antes foi um susto, com os dias se transformou em um franco trabalho de parto.
Fizemos de tudo, todos os recursos, todas as drogas, manobras, exames… Mas a força da enxurrada da natureza foi maior…
Quinta e sexta já estava com fortes contrações, dilatação e sábado passei o dia inteiro na luta contra a dor, sem poder fazer muita coisa, nem uma cesárea podia ser feita, porque estava perdendo muito sangue e corria o risco de perder o útero…
Mas com muita força e sofrimento também, a noite já tinha dilatação suficiente e puder parir os dois de parto normal, sem transfusão de sangue e sem nenhum dano pro útero…
Senti bem os 2 nascerem e sabia a todo momento que eles não sobreviveriam…
Isso tudo foi e está sendo muito dolorido, parece que a dor não vai passar nunca, que as lágrimas nunca vão secar, mas também tenho a sensação de ter aprendido grandes lições…
Não que não mereço, nem que Deus não quis… Mas que não adianta tentar driblar a força da natureza.. Nem antes, planejando, tentando corrigir e se antecipar… E muito menos depois, tentando conter uma avalanche que é muito maior que a nossa vontade…
Espero estar mais alegrinha quando encontrar e abraçar cada um de vocês, mas preparem as camisetas pq vou acabar chorando… Mas sei que nas camisetas de vcs eu posso!
E pras minhas amigas gravidinhas, que são muitas, não hesitem em dar noticias dos bebês, vou querer visitar cada um com a mesma alegria e torcida que já estava antes, a dor pode conviver do ladinho do amor.
Beijos muito grandes, obrigada por cada mensagem, cada torpedinho, tenho certeza de que me ajudou muito e continua ajudando até agora.
Estéfi
Fonte: http://vamosfalarsobreoluto.com.br/2016/02/02/aviso-que-vou-acabar-chorando/
"O clube secreto e silencioso das grávidas que perdem seus bebês'
Dando sequencia aos textos sobre perda gestacional, eis mais um:
O clube secreto e silencioso das grávidas que perdem seus bebês
RITA LISAUSKAS
02 Fevereiro 2016 | 11:14
Existe uma regra social: Precisamos superar a perda rápido. E não podemos sofrer.
Desabafo da jornalista Clarissa Cavalcanti, 32, dois abortos recentes, ao “Ser mãe”.
Sem receber convite eu entrei para um clube secreto de mulheres. Um clube que eu até já tinha ouvido falar, algumas pessoas da família e amigas participavam, mas que eu nunca soube muito a respeito. Depois que eu fui forçada a entrar, descobri que milhares de mulheres fazem parte, mas tudo é mantido meio às escuras. Eu entrei para este clube pela primeira vez em março de 2015. Foi quando tive meu primeiro aborto retido – aborto involuntário que acontece quando uma mulher não consegue manter a gestação. Não estou falando do aborto provocado, que é uma outra questão e eu particularmente acho que é caso de saúde pública e precisa ser discutida. Depois de nove semanas de gestação e curtindo muito a ideia de ser mãe descobri no ultrassom que meu bebê não tinha batimentos cardíacos. Tive que esperar uma semana para repetir o exame e ter certeza. Certeza de que meu tão sonhado filho tinha morrido muito antes de nascer. Foi a primeira tortura. Optei por esperar para ver se meu corpo agia naturalmente mas, como nada aconteceu, tive de fazer uma curetagem.
Nesse período de tristeza muita gente veio comentar comigo que tinha passado por algo parecido, que era comum. Gente que eu nunca imaginei que tinha enfrentado algo semelhante porque nunca demonstrou sinais do sofrimento que um aborto causa. E aí eu me perguntava: Se toda essa gente passou ou conhece alguém que passou por isso, por que ninguém fala sobre o assunto? Por que o aborto é tabu mesmo quando ele não é uma escolha da mulher? Todos falavam comigo como se estivessem compartilhando o maior dos segredos, como se fosse um crime ter perdido um bebê. Quem passou por isso sabe que os sentimentos de culpa, raiva, revolta e tristeza se misturam e demoram a passar. Descobri, graças às frases que ouvi, que existe uma regra social: a de que devemos superar rápido. Escutei coisas como: “Era só um feto!”, “A gravidez estava no começo, não precisa sofrertanto!” Percebi também que há pessoas que comparam dores: “Pior foi o que aconteceu com a fulana! Seu caso não é nada!”, concluem, usando a própria régua para medir o sofrimento alheio.
Muitos profissionais não estão preparados para lidar com a mulher que acabou de perder seu bebê e até a acusam veladamente de ter feito um aborto proposital. Uma colega que também faz parte desse “clube secreto” me contou que que foi para o hospital quando sofreu o aborto em casa. Foi super mal tratada. Insinuaram que ela tinha provocado o aborto, fizeram perguntas duras e ela teve, mesmo que veladamente, provar que não, não tinha culpa pelo desfecho ruim da própria gestação. Imagine como se sente uma mulher que está perdendo o bebê que tanto sonhava, que precisa de atendimento e acolhimento e, em vez disso, tem de provar que não, a culpa não é dela. Uma conhecida me relatou que soube que tinha perdido o bebê em um ultrassom, perto dos cinco meses. O médico comunicou com uma frase seca: “esse bebê morreu”.
Comigo o tratamento não foi muito mais amistoso. A primeira enfermeira que me atendeu antes da curetagem deveria colocar um remédio via vaginal para amolecer meu útero e facilitar o procedimento. Ela o fez com tanta força, sem o menor cuidado e com tanta grosseria que dei um grito de dor. Fragilizada e culpada achei que era assim mesmo, frescura minha. Uma segunda enfermeira me mostrou que não, não era para ter sido feito daquele jeito. Ela me disse, indignada, que o procedimento deveria ter sido precedido por um gel, para não haver (mais) dor. Hoje penso que a primeira enfermeira acreditava que eu tinha provocado aquele aborto e que, por isso, merecia sofrer. O hospital também me internou no mesmo andar do berçário. Eu tinha acabado de perder um filho e via as plaquinhas com os nomes dos bebês na porta, que logo chegavam para serem amamentados, além de ver famílias felizes visitando os novos pais. Não seria isso uma violência psicológica? Como ninguém fala sobre isso, como é “normal” perder um bebê e há um silêncio sepulcral sobre o assunto, fica tudo por isso mesmo. Nossa dor não é ouvida. Sequer considerada.
Em novembro de 2015 descobri que estava grávida novamente. A felicidade voltou. Na primeira ultrassonografia ouvi o batimento cardíaco do meu bebê super forte, a barriga estava crescendo e eu não conseguia nem disfarçar a nova gestação. Estava confiante.
Um sangramento mudou tudo e perdi meu bebê novamente há alguns dias. De uma forma até mais abrupta ganhei uma segunda “carteirinha” e fui arrastada para o clube secreto novamente. No andar da maternidade tinha poucos bebês dessa vez, mas nunca vou esquecer a cena do pequeno Caíque sendo levado ao quarto para mamar enquanto eu passava de maca para a curetagem. Aquilo doeu. No pré-operatório a enfermeira me contou que, na média, são nove curetagens por dia. Fiz a conta e percebi que, só nesse hospital, são 270 mulheres passando por isso todo mês. Imagine quantas mulheres no Brasil todo. E mesmo assim continuamos sem falar sobre esse assunto.
Existe um outro clube secreto: o dos pais. E esse então é mais secreto ainda. O pai não tem vez nessa hora. Ninguém liga para o que ele sente. É quase impossível tirar algo positivo disso tudo. Talvez o fato de descobrir que somos mais fortes do que imaginamos. E que tenho amigos e chefes sensacionais.
Fonte: http://vida-estilo.estadao.com.br/blogs/ser-mae/o-clube-secreto-e-silencioso-das-maes-que-perdem-seus-bebes/
"Quando o parto é a Partida"
Gostaria de compartilhar alguns textos, para que possa sensibilizar as pessoas. São dos blogs: Sempre Família, Vamos falar sobre o luto e Do Luto à luta.
Para começar vamos com este:
Fonte: http://vamosfalarsobreoluto.com.br/2016/01/25/quando-o-parto-e-a-partida/
Para começar vamos com este:
Quando o parto é a partida
Unidas pela dor da perda gestacional, as irmãs Larissa e Clarissa transformaram sofrimento em aprendizado dando início ao projeto Do Luto à Luta
Por Sandra Soares
A psicóloga carioca Larissa Rocha Lupi, 32, viveu duplamente a dor de ter uma gravidez interrompida – em um intervalo de seis meses, ela e a irmã gêmea, Clarissa, sofreram abortosespontâneos. A tristeza dilacerante, a insensibilidade clínica e a incompreensão dos familiares e amigos, que pouco sabiam o que fazer para ajudar, fizeram com que Larissa unisse esforços para dar voz ao silêncio das mães que perderam seus filhos prematuramente. Ela criou o projetoDo Luto à Luta, por mais sensibilidade, solidariedade e cuidado com a perda gestacional e neonatal, buscando mudanças políticas efetivas e melhorias nos atendimentos médicos. Um trabalho que busca não só minimizar o sofrimento das famílias, mas transformar uma dor muito velada em uma causa pública. Larissa também é representante do “Temos que falar sobre isso”, uma plataforma de desabafos anônimos online destinada a dar voz às dores e dificuldades relacionadas a gravidez e ao pós-parto.
Em depoimento a Laura Capanema
A Clarissa já era mãe de um menino, mas planejava a segunda gravidez havia três anos. A frustração com a gestação descontinuada fez com que ela quase entrasse em depressão. Além de sentir um vazio gigante, encarou a dificuldade de amigos e familiares em compreender a dimensão da sua dor. A maioria dizia o clássico ‘relaxa, daqui a pouco você engravida de novo’ e ignorava o fato de que o aborto significava uma perda real e, especialmente naquele caso, um sonho abruptamente interrompido. A concepção de um novo filho jamais supriria a falta daquele que partiu. Não era tão simples assim.
Um dia depois de receber a notícia ela foi a uma maternidade particular da Zona Sul do Rio para fazer a curetagem. Ali, inesperadamente, compartilhou a enfermaria com mães que haviam acabado de dar à luz (escutando de relance o choro das crianças que acabavam de nascer). Além disso, a equipe médica exprimia uma dureza imensurável. O doutor disse friamente: ‘o seu filho não era um bebê, era só um feto. Um feto que não apresentava batimentos cardíacos’. Uma linguagem extremamente técnica e impassível para alguém tão fragilizada. Eu, que acompanhei tudo de perto, não tive dúvidas de que a logística daquela clínica maximizava o sofrimento da paciente e problematizava a elaboração do luto.
Um mês se passou e ela continuava muito angustiada. Mas engravidou. De novo. Só que dessa vez a novidade era dupla: eu também estava grávida. Saímos do pesadelo e entramos em uma euforia compartilhada – éramos gêmeas e estávamos gestantes, juntas, ambas do segundo filho! Nos falávamos diariamente e cuidávamos muito uma da outra. Contudo, vivíamos agoniadas. Do lado dela, uma gravidez angustiante, com sentimentos misturados pelo vazio da perda anterior e pela expectativa de uma nova vida. Do meu, um medo esquisito de poder reviver tudo o que ela havia passado naquele ano.
Mas a Clarissa teve um final feliz, apesar do Henrique ter nascido prematuro, com 34 semanas – a bolsa estourou e foi preciso recorrer a uma cesariana às pressas (ela acredita que o fato de ter engravidado de novo em seguida, de não ter esperado mais tempo para elaborar o luto, tenha contribuído para uma gravidez mais frágil; e daí a prematuridade). Comigo foi bem diferente: com quase cinco meses (19 semanas), tive um sangramento e voltei para a mesma clínica em que a minha irmã dizia não querer pisar tão cedo. E perdi o bebê. Segundo o médico, meu embrião estava desforme – fui diagnosticada com gravidez molar, doença causada por uma má formação celular em volta do feto.
A situação pesou quando me levaram para um quarto decorado com uma cegonha na porta. O carregador da maca chegou a me parabenizar pelo meu bebê – aquele que eu tinha perdido. ‘Gente, mas ninguém aqui lê o prontuário? Ninguém procura se informar sobre o estado dos pacientes?’ – eu perguntava indignada. Ainda precisei brigar com os médicos porque queria o meu marido comigo durante o processo de curetagem (pedido que foi negado). Me senti desrespeitada e desacolhida, e ainda julgada pelos meus desejos.
Fui sedada e acordei em um ambiente completamente asséptico, sem nenhum rastro. Eu queria ver o que os médicos haviam extraído de mim – por mais que não houvesse de fato um bebê, o vestígio do embrião representava a existência do meu filho, e ter acesso a isso me possibilitaria concretizar a sua morte. Ninguém me ouviu. Havia ali uma equipe que se dizia sensível e humanizada, mas preparada apenas para o happy end, para a eclosão. Eles não sabiam lidar com o fracasso.
A perda gestacional é um luto invisível – se o bebê não nasce com vida, as pessoas acreditam que de fato a mãe não se vinculou a ele… afinal, ‘ele nem nasceu’, ou ‘nasceu, mas não viveu’. Além de haver uma inabilidade da nossa própria cultura em lidar com o finitude, ainda é mais difícil nesses casos, quando as mães são matriarcas de um breu, de um nada, de um sopro.
A situação exige treinamento e qualificação para que os médicos saibam como vincular essa notícia da melhor maneira possível. Claro que não vai eliminar a nossa dor, mas é importante que a gente sinta um mínimo de empatia pelo ser humano que está do outro lado. Viver essa aflição duas vezes fez com que eu sentisse a necessidade de ajudar outras famílias, quebrar paradigmas e lutar por ambientes hospitalares mais acolhedores e sensíveis. Tentar evitar violências secundárias.
Como ponto de partida, organizei um abaixo-assinado reivindicando mais cuidado por parte da maternidade que violou os nossos direitos – se não uma ala inteira reservada para perdas gestacionais, um quarto separado – e que os profissionais fossem treinados para ter mais cautela com esse tipo de paciente. Era preciso falar sobre esse luto e ir além: fazer parcerias com os hospitais e equipes de saúde.
Em dezembro de 2014, três meses depois, conseguimos, enfim, fazer uma reunião com a equipe médica. A clínica não chegou a criar uma ala separada, mas passou a identificar os quartos com uma cor diferente – roxo – para casos de gravidez de risco.
Comecei a divulgar minha história e recebi inúmeros desabafos, inclusive de pessoas próximas que eu nem sabia que haviam passado por isso. A quebra do silêncio enfatizou o quanto a questão ainda é velada no nosso país. Foi aí que decidi criar a fan page Do Luto à Luta, hoje com mais de 14 mil seguidores. A designer que fez nossa identidade visual passou pela mesma experiência e profissionais de diversas áreas se familiarizaram com a causa. Elaboramos uma plataforma colaborativa que organiza grupos de apoio, indica acompanhamento psicológico e faz posts com sugestões de filmes e livros sobre o assunto. Também lutamos ativamente na política: é com lágrimas nos olhos que recebemos a notícia da aprovação da PEC Nº 16/25 por unanimidade na Alerj. O Projeto de Emenda Constitucional dispõe sobre a licença maternidade e paternidade aos servidores e funcionários públicos em casos de perda gestacional e nascimento prematuro. Quem nos ajudou nessa foi a advogada Maíra Fernandes, mulher de fibra, garra e ousadia, ex-presidente do Conselho Penitenciário do Rio, e que também viveu de muito perto essa dor – ela enfrentou recentemente a perda do primeiro filho, Antônio. No parto.
Para nós é de extrema importância tentar não sucumbir ao drama. E buscar resinificar, atribuir um novo olhar à existência. É preciso enxergar o quanto a dor pode ser importante para mudar o próprio sentido da vida – diante dela, o ser humano amadurece e pode voar longe.
Também realizamos encontros presenciais uma vez por mês, em uma sala no Largo do Machado (que já está ficando pequena para uma dezena de participantes). Recebemos pessoas que se sentem diretamente afetadas pela perda gestacional – a mãe, o pai, a irmã, qualquer um que se julgar sensibilizado e quiser compartilhar sua dor. Falar já é altamente terapêutico e profilático. Sempre cito a frase do psicólogo Adalberto Barreto, do Ceará, que fundou a terapia comunitária no Brasil: ‘Quando a boca cala, o corpo fala. E quando a boca fala, o corpo sara’.”
Fonte: http://vamosfalarsobreoluto.com.br/2016/01/25/quando-o-parto-e-a-partida/
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